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As Milhares Funções do Apêndice
Sodré Gonçalves de Brito Neto
Núcleo Livre – UFG - 2019
Desde o darwinismo que se enfatizou a crença de que o apêndice humano não tinha função, parte desta interpretação foi aceita no embalo do iluminismo anti-religioso que dominava a Europa e diversos estudos que combatiam a Bíblia e crença em um Criador, o que dava a Igreja um papel político que o mundo não queria mais experimentar.
A guerra ideológica alcançou a ciência que passou a recomendar idéias materialistas por mais que os dados evocassem planejamento e criação. Neste contexto o apêndice e mais 111 órgãos do corpo humano foram chamados de "vestigiais" e parte do DNA que não se conhecia as suas funções foi chamado de "lixo" vestigial da evolução também.
Porém pesquisas recentes revelaram que o DNA lixo era na verdade a parte controladora do DNA, que havia funções nos 111 órgãos classificados sem função, que milhões de cirurgias não deveriam ter sido feitas . Atualmente esta mesma tendência descobriu milhares de funções do apêndice e detectaram aumento de mortalidade e comorbidades em pacientes que sofreram apendicectomia.
Revisamos estudos que apontam novas técnicas de tratamento não operatório (NOM) para apendicite, bem como grau de discernimento necessário por meio de exames para discernir até que ponto o médico poderá optar ou não pelos atraentes novos tratamentos NOM.
Devido a descoberta de muitas sequelas e aumento de mortalidade em pacientes que sofreram apendicectomia , a lendária e famosa "doença do lado" (apendicite) e suas apendicectomias de caráter preventivo, está em ampla revisão apontando um desfecho revolucionário em favor de tratamentos não operatórios (NOM). Desde a idade média (século XII), a cirurgia se apresenta como única solução, mas novos métodos baseados em prévios exames tem apontado a NOM como medida vantajosa. A razão desta mudança é que estudos recentes tem demonstrado haver inúmeros prejuízos a saúde de quem se submete a apendicectomia e principalmente por esta razão, tendo em vista as múltiplas funções que o apêndice exerce, dezenas de ensaios clínicos praticando tratamento não operatório da apendicite aguda tem sido executados com sucesso[1][2][3][4][5] .
Em adultos "o tratamento com antibióticos é eficaz em mais de 70% das vezes[6] e em crianças " os sintomas clínicos foram resolvidos na maioria das crianças após 1 dia de tratamento não operatório. Isso sugere que o tratamento não operatório é uma alternativa viável à apendicectomia em relação à recuperação clínica"[7]. Apesar desta mudança em andamento e discussão, cuidados em relação a examinar possibilidade de neoplasias malignas no apêndice, apesar de serem raros casos em crianças[8] devem ser feitos[9], o que recomenda ainda mais exames de ultrassonografia para distinguir apendite complicada das não complicadas[10]. Uma metanálise apontou em relação a apendicite aguda complicada em crianças (CAA) e analisaram a apendicite perfurada livre (APF) separadamente do abscesso apendicular (AAb) e do flegmão apendicular (AP) e comparam o manejo não-operatório (NOM) com o manejo operatório (OM) e chegou-se a conclusão que "crianças com AAb/AP relataram melhores resultados em termos de taxa de complicações e taxa de re-admissão se tratadas com NOM. Por outro lado, crianças com APF apresentaram menor taxa de complicações e taxa de re-admissão se tratadas com OM"[11].
As muitas funções que as pesquisas apontam para o apêndice no ser humano, refletem aspectos de proteção contra infecções por desequilibrio de populações (quoron sensing) de bactérias simbióticas que ajudam na digestão, produção de vitaminas, diálogo com sistema imunológico e neurológico[12][13][14][15][16]. "O apêndice é rico em tecido linfóide e contribui para a imunidade intestinal e desempenha função importante como reserva da microbiota"[17] que se relaciona com diversas funções imunológicas[18] . Estudos comprovaram alta relação de remoção do apêndice com aumento de tuberculose[19], artrite reumatoide[20] , diabete tipo 2[21] e até ataques cardíacos[22][23] (apesar de continuar obscuros alguns dos mecanismos). Observou-se que mesmo estando associada a um baixo risco de subsequente colite ulcerosa[24] a apendicectomia é seguida por um risco aumentado de doença de Crohn[25].
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