www.jornaldaciencia.com.br

Criar um Site Grátis Fantástico
www.jornaldaciencia.com.br

https://posgenomica.wordpress.com/2021/04/26/a-unica-solucao-para-o-enfrentamento-das-variacoes-virais-do-covid-19/

www.jornaldaciencia.com.br
As Milhares Funções do Apêndice

Sodré Gonçalves de Brito Neto
Núcleo Livre – UFG - 2019


Resultado de imagem para function appendix


Desde o darwinismo que  se enfatizou a crença de que o apêndice humano  não tinha função, parte desta interpretação foi aceita no embalo do iluminismo anti-religioso que dominava a Europa e diversos estudos que combatiam a Bíblia e crença em um Criador, o que dava a Igreja um papel político que o mundo não queria mais experimentar.

A guerra ideológica alcançou a ciência que passou a recomendar idéias materialistas por mais que os dados evocassem planejamento e criação. Neste contexto o apêndice e mais 111 órgãos do corpo humano foram chamados de "vestigiais" e parte do DNA que não se conhecia as suas funções foi chamado de "lixo" vestigial da evolução também. 

Porém pesquisas recentes revelaram que o DNA lixo era na verdade a parte controladora do DNA, que havia funções nos 111 órgãos classificados sem função, que milhões de cirurgias não deveriam ter sido feitas . Atualmente esta mesma tendência descobriu milhares de funções do apêndice e detectaram aumento de mortalidade e comorbidades em pacientes que sofreram apendicectomia.

Revisamos estudos que apontam novas técnicas de tratamento não operatório (NOM) para apendicite, bem como grau de discernimento necessário por meio de exames para discernir até que ponto o médico poderá optar ou não pelos atraentes novos tratamentos NOM. 

Devido a descoberta de muitas sequelas e aumento de mortalidade em pacientes que sofreram apendicectomia , a lendária e famosa "doença do lado" (apendicite) e suas apendicectomias de caráter preventivo, está em ampla revisão apontando um desfecho revolucionário em favor de tratamentos não operatórios (NOM). Desde a idade média (século XII), a cirurgia se apresenta como única solução, mas novos métodos baseados em prévios exames tem apontado a NOM como medida vantajosa. A razão desta mudança é que estudos recentes tem demonstrado haver inúmeros prejuízos a saúde de quem se submete a apendicectomia e principalmente por esta razão, tendo em vista as múltiplas funções que o apêndice exerce, dezenas de ensaios clínicos praticando tratamento não operatório da apendicite aguda tem sido executados com sucesso[1][2][3][4][5] .

Em adultos "o tratamento com antibióticos é eficaz em mais de 70% das vezes[6] e em crianças " os sintomas clínicos foram resolvidos na maioria das crianças após 1 dia de tratamento não operatório. Isso sugere que o tratamento não operatório é uma alternativa viável à apendicectomia em relação à recuperação clínica"[7]. Apesar desta mudança em andamento e discussão, cuidados em relação a examinar possibilidade de neoplasias malignas no apêndice, apesar de serem raros casos em crianças[8] devem ser feitos[9], o que recomenda ainda mais exames de ultrassonografia para distinguir apendite complicada das não complicadas[10]. Uma metanálise apontou em relação a apendicite aguda complicada em crianças (CAA) e analisaram a apendicite perfurada livre (APF) separadamente do abscesso apendicular (AAb) e do flegmão apendicular (AP) e comparam o manejo não-operatório (NOM) com o manejo operatório (OM) e chegou-se a conclusão que "crianças com AAb/AP relataram melhores resultados em termos de taxa de complicações e taxa de re-admissão se tratadas com NOM. Por outro lado, crianças com APF apresentaram menor taxa de complicações e taxa de re-admissão se tratadas com OM"[11].

As muitas funções que as pesquisas apontam para o apêndice no ser humano, refletem aspectos de proteção contra infecções por desequilibrio de populações (quoron sensing) de bactérias simbióticas que ajudam na digestão, produção de vitaminas, diálogo com sistema imunológico e neurológico[12][13][14][15][16]. "O apêndice é rico em tecido linfóide e contribui para a imunidade intestinal e desempenha função importante como reserva da microbiota"[17] que se relaciona com diversas funções imunológicas[18] . Estudos comprovaram alta relação de remoção do apêndice com aumento de tuberculose[19], artrite reumatoide[20] , diabete tipo 2[21] e até ataques cardíacos[22][23] (apesar de continuar obscuros alguns dos mecanismos). Observou-se que mesmo estando associada a um baixo risco de subsequente colite ulcerosa[24] a apendicectomia é seguida por um risco aumentado de doença de Crohn[25].

 

Referências

  1. Fugazzola, Paola; Coccolini, Federico; Tomasoni, Matteo; Stella, Marcello; Ansaloni, Luca (1 de novembro de 2019). «Early appendectomy vs. conservative management in complicated acute appendicitis in children: A meta-analysis». Journal of Pediatric Surgery. 54 (11): 2234–2241. ISSN 0022-3468. doi:10.1016/j.jpedsurg.2019.01.065 

  2. Hall, Nigel J; Eaton, Simon; Abbo, Olivier; Arnaud, Alexis P; Beaudin, Marianne; Brindle, Mary; Bütter, Andreana; Davies, Dafydd; Jancelewicz, Tim (18 de maio de 2017). «Appendectomy versus non-operative treatment for acute uncomplicated appendicitis in children: study protocol for a multicentre, open-label, non-inferiority, randomised controlled trial». BMJ Paediatrics Open. 1 (1). ISSN 2399-9772. PMC 5843002Acessível livremente . PMID 29637088. doi:10.1136/bmjpo-2017-000028 

  3. Andersson, Roland E.; Petzold, Max G. (1 de novembro de 2007). «Nonsurgical Treatment of Appendiceal Abscess or Phlegmon: A Systematic Review and Meta-analysis». Annals of Surgery (em inglês). 246 (5). 741 páginas. ISSN 0003-4932. doi:10.1097/SLA.0b013e31811f3f9f 

  4. Xu, Jane; Liu, Yingrui Cyril; Adams, Susan; Karpelowsky, Jonathan (21 de dezembro de 2016). «Acute uncomplicated appendicitis study: rationale and protocol for a multicentre, prospective randomised controlled non-inferiority study to evaluate the safety and effectiveness of non-operative management in children with acute uncomplicated appendicitis». BMJ open. 6 (12): e013299. ISSN 2044-6055. PMC 5223693Acessível livremente . PMID 28003294. doi:10.1136/bmjopen-2016-013299 

  5. Haijanen, J.; Sippola, S.; Grönroos, J.; Rautio, T.; Nordström, P.; Rantanen, T.; Aarnio, M.; Ilves, I.; Hurme, S. (17 de dezembro de 2018). «Optimising the antibiotic treatment of uncomplicated acute appendicitis: a protocol for a multicentre randomised clinical trial (APPAC II trial)». BMC surgery. 18 (1). 117 páginas. ISSN 1471-2482. doi:10.1186/s12893-018-0451-y 

  6. Huston, Jared M.; Kao, Lillian S.; Chang, Phillip K.; Sanders, James M.; Buckman, Sara; Adams, Charles A.; Cocanour, Christine S.; Parli, Sarah E.; Grabowski, Julia (1 de julho de 2017). «Antibiotics vs. Appendectomy for Acute Uncomplicated Appendicitis in Adults: Review of the Evidence and Future Directions». Surgical Infections. 18 (5): 527–535. ISSN 1557-8674. PMID 28614043. doi:10.1089/sur.2017.073 

  7. Knaapen, Max; van der Lee, Johanna H.; Heij, Hugo A.; van Heurn, Ernst L. W.; Bakx, Roel; Gorter, Ramon R. (1 de fevereiro de 2019). «Clinical recovery in children with uncomplicated appendicitis undergoing non-operative treatment: secondary analysis of a prospective cohort study». European Journal of Pediatrics (em inglês). 178 (2): 235–242. ISSN 1432-1076. doi:10.1007/s00431-018-3277-9 

  8. Ranaweera, Chirath; Brar, Amanpreet; Somers, Gino R.; Sheikh, Furqan; Pierro, Agostino; Zani, Augusto (1 de dezembro de 2019). «Management of pediatric appendiceal carcinoid: a single institution experience from 5000 appendectomies». Pediatric Surgery International (em inglês). 35 (12): 1427–1430. ISSN 1437-9813. doi:10.1007/s00383-019-04575-1 

  9. Seawell, Jaimie; Sciarretta, Jason D.; Pahlkotter, Maranda; Muertos, Keely; Onayemi, Ayolola; Davis, John M. (1 de julho de 2019). «The Understated Malignancy Potential of Nonoperative Acute Appendicitis». www.ingentaconnect.com (em inglês). Consultado em 20 de dezembro de 2019 

  10. Rawolle, Tanja; Reismann, Marc; Minderjahn, Maximiliane I; Bassir, Christian; Hauptmann, Kathrin; Rothe, Karin; Reismann, Josephine (29 de maio de 2019). «Sonographic differentiation of complicated from uncomplicated appendicitis». The British Journal of Radiology. 92 (1099). 20190102 páginas. ISSN 0007-1285. doi:10.1259/bjr.20190102 

  11. Fugazzola, Paola; Coccolini, Federico; Tomasoni, Matteo; Stella, Marcello; Ansaloni, Luca (1 de novembro de 2019). «Early appendectomy vs. conservative management in complicated acute appendicitis in children: A meta-analysis». Journal of Pediatric Surgery. 54 (11): 2234–2241. ISSN 0022-3468. doi:10.1016/j.jpedsurg.2019.01.065 

  12. Cryan, John F.; Dinan, Timothy G. (1 de outubro de 2012). «Mind-altering microorganisms: the impact of the gut microbiota on brain and behaviour». Nature Reviews Neuroscience (em inglês). 13 (10): 701–712. ISSN 1471-0048. doi:10.1038/nrn3346 

  13. Landeiro, Joana Almeida Vilão Raposo (1 de novembro de 2016). «Impacto da microbiota intestinal na saúde mental». Repositório Comum Comunidades & Colecções EM - Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, CRL EM - Dissertações de Mestrado EM - IUEM - Instituto Universitário Egas Moniz EM - IUEM - Ciências Farmacêuticas 

  14. Nogueira, Bárbara Lisboa (10 de dezembro de 2015). «Probióticos para o tratamento de doenças neurológicas: uma revisão». Universidade Federal de Minas Gerais 

  15. Cupertino, Marli do Carmo; Resende, Michely Baptistele; Veloso, Isabela de Freitas; Carvalho, Camila Abreu de; Duarte, Vitor Ferreira; Ramos, Guilherme Alves (2019). «Transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática sobre aspectos nutricionais e eixo intestino-cérebro». ABCS health sci: 120–130 

  16. Veras, Rafael dos Santos Cruz; Nunes, Carlos Pereira (30 de maio de 2019). «CONEXÃO CÉREBRO-INTESTINO-MICROBIOTA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA». Revista de Medicina de Família e Saúde Mental. 1 (1). ISSN 2674-7219 

  17. Girard-Madoux, Mathilde J. H.; Gomez de Agüero, Mercedes; Ganal-Vonarburg, Stephanie C.; Mooser, Catherine; Belz, Gabrielle T.; Macpherson, Andrew J.; Vivier, Eric (1 de abril de 2018). «The immunological functions of the Appendix: An example of redundancy?». Seminars in Immunology. Redundancy and Robustness in Immunity. 36: 31–44. ISSN 1044-5323. doi:10.1016/j.smim.2018.02.005 

  18. Andreu-Ballester, Juan Carlos; Pérez-Griera, Jaime; Ballester, Ferran; Colomer-Rubio, Enrique; Ortiz-Tarín, Inmaculada; Peñarroja Otero, Carlos (2007). «Secretory immunoglobulin A (sIgA) deficiency in serum of patients with GALTectomy (appendectomy and tonsillectomy)». Clinical Immunology (Orlando, Fla.). 123 (3): 289–297. ISSN 1521-6616. PMID 17449327. doi:10.1016/j.clim.2007.02.004 

  19. Lai, S.-W.; Lin, C.-L.; Liao, K.-F.; Tsai, S.-M. (1 de setembro de 2014). «Increased risk of pulmonary tuberculosis among patients with appendectomy in Taiwan». European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases (em inglês). 33 (9): 1573–1577. ISSN 1435-4373. doi:10.1007/s10096-014-2112-0 

  20. Tzeng, Ya-Mei; Kao, Li-Ting; Kao, Senyeong; Lin, Herng-Ching; Tsai, Ming-Chieh; Lee, Cha-Ze (2015). «An Appendectomy Increases the Risk of Rheumatoid Arthritis: A Five-Year Follow-Up Study». PLOS ONE (em inglês). 10 (5): e0126816. ISSN 1932-6203. PMC 4430489Acessível livremente . PMID 25970542. doi:10.1371/journal.pone.0126816 

  21. Wei, P.-L.; Tsai, M.-C.; Hung, S.-H.; Lee, H.-C.; Lin, H.-C.; Lee, C.-Z. (2015). «Risk of new-onset type II diabetes after appendicectomy». BJS (British Journal of Surgery) (em inglês). 102 (10): 1267–1271. ISSN 1365-2168. doi:10.1002/bjs.9875 

  22. Janszky, Imre; Mukamal, Kenneth J.; Dalman, Christina; Hammar, Niklas; Ahnve, Staffan (1 de setembro de 2011). «Childhood appendectomy, tonsillectomy, and risk for premature acute myocardial infarction—a nationwide population-based cohort study». European Heart Journal (em inglês). 32 (18): 2290–2296. ISSN 0195-668X. doi:10.1093/eurheartj/ehr137 

  23. Chen, Chao-Hung; Tsai, Ming-Chieh; Lin, Herng-Ching; Lee, Hsin-Chien; Lee, Cha-Ze; Chung, Shiu-Dong (1 de dezembro de 2015). «Appendectomy increased the risk of ischemic heart disease». Journal of Surgical Research. 199 (2): 435–440. ISSN 0022-4804. doi:10.1016/j.jss.2015.06.049 

  24. Andersson, R. E.; Olaison, G.; Tysk, C.; Ekbom, A. (15 de março de 2001). «Appendectomy and protection against ulcerative colitis». The New England Journal of Medicine. 344 (11): 808–814. ISSN 0028-4793. PMID 11248156. doi:10.1056/NEJM200103153441104 

  25. Andersson, Roland E.; Olaison, Gunnar; Tysk, Curt; Ekbom, Anders (2003). «Appendectomy is followed by increased risk of Crohn's disease». Gastroenterology. 124 (1): 40–46. ISSN 0016-5085. PMID 12512028. doi:10.1053/gast.2003.50021